Ticker

6/recent/ticker-posts

FASES DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO.

 



1.        FASES DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO.

Ao iniciarmos a abordagem sobre tema das "Fases do Processo de Investigação Accção" vamos definir os conceitos de Pesquisa-Acção na perspectiva dos diferentes autores:

A pesquisa-ação, segundo a definição de Thiollent (1985, p. 14): "... é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo."

Para (Dick 2000) citado pelo Magibire Mendes Zacarias, a Pesquisa acção é conjunto de procedimentos onde o pesquisador procura compreender os determinados fenômenos com vista a gerar e participar na mudanças.

Ana Terence, citando Haguete (1999) fala da pesquisa acção como sinônimo da pesquisa participante ou colaborativa.

Brow e Mclntyre (1981) citado por Chagas consideram a Pesquisa Acção como uma metodologia bastante apelativa e motivadora porque se centra na prática muito maior.

Fazendo um reflexão crítica dos conceitos propostos pelos autores, nota-se que ambos convergem no esclarecimento de que a Pesquisa-Acção centra-se basicamente na identificação dos problemas, sua compreensão e posterior acção com vista a solução ou provocar mudanças em relação a situação inicial. Sendo que para tal ocorra exige a participação activa do pesquisador nos diferentes momentos.

 

1.2   Características da Investigação-acção

Segundo Magibire Mendes Zacarias citando Baskervile (199) e Santos et all (2004), as principais características da investigação-acção metodologia, nomeadamente:

§  Desenvolve-se de forma cíclica ou em espiral, consistindo na definição do âmbito e planeamento, antes da acção, seguido de revisão, crítica e reflexão;

§  Facilita um misto de capacidade de resposta e de rigor nos requisitos da investigação e da acção;

§  Proporciona uma ampla participação geradora de responsabilidade e envolvimento;

§  Produz mudanças inesperadas e conduz a processos inovadores.

Reflectindo em torno das características acima apresentadas podemos afirmar que este tipo de pesquisa ocorre em um ciclo em se caracterizam pelo envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de pesquisa. Neste sentido distanciam-se dos princípios da pesquisa científica acadêmica. A objetividade da pesquisa empírica clássica não é observada. Os teóricos da pesquisaação propõem sua substituição pela "relatividade observacional" (Thiollent, 1985, p. 98), segundo a qual a realidade não é fixa e o observador e seus instrumentos desempenham papel ativo na coleta, análise e interpretação dos dados. Seus teóricos, por outro lado, associam-na à postura dialética, que enfoca o problema da objetividade de maneira diversa do positivismo. A dialética procura captar os fenômenos históricos, caracterizados pelo constante devir. Privilegia, pois, o lado conflituoso da realidade social. Assim, o relacionamento entre o pesquisador e pesquisado não se dá como mera observação do primeiro pelo segundo, mas ambos "acabam se identificando, sobretudo quando os objetos são sujeitos sociais também, o que permite desfazer a idéia de objeto que caberia somente em ciências naturais" (Demo, 1984, p. 115).

 

1.3 Fases da Pesquisa Acção.

Segundo Serrano (1994) apresentado por Jaume Trilla (1998) são consideradas fases da pesquisa acção ao conjunto de métodos e regras suportadas por um plano de acção associadas ao processo de concretização do processo.

Para o autor destaca-se quatro fases:

1-      Diagnosticar ou descobrir uma preocupação temática, isto é o "problema".

2-      Construção do plano de acção.

3-      Proposta prática do plano e observação de como funciona.

4-      Reflexão, interpretação e integração dos resultados.

 

Diagnosticar ou descobrir uma preocupação temática, isto é o " problema" consiste em descobrir o campo de pesquisa, os interessados e suas expectativas e estabelecer um primeiro levantamento (ou "diagnóstico") da situação, dos problemas prioritários e de eventuais ações. Nesta fase também aparecem muitos problemas práticos que são relacionados com a constituição da equipe de pesquisadores e com a "cobertura" institucional e financeira que será dada à pesquisa.

Na fase inicial de uma pesquisa - seja qual for a sua estratégia, ativa ou não -, junto com a definição dos temas e objetivos precisamos dar atenção à colocação dos principais problemas a partir dos quais a investigação será desencadeada. Noutras palavras,. trata-se. de definir uma problemática na qual o tema escolhido adquira sentido. Em termos gerais, uma problemática pode ser considerada como a colocação dos problemas que se pretende resolver dentro de um certo campo teórico e prático. Um mesmo tema (ou assunto) pode ser enquadrado em problemáticas diferentes. Por exemplo, problemas de saúde podem ser inseridos numa problemática de medicina ou numa problemática social ou política. A colocação dos problemas é feita em universos diferentes. A problemática é o modo de colocação 'do problema de acordo com o marco teórico-conceitua! adotado.

2- Construção do Plano de acção- Nesta fase, para corresponder ao conjunto dos seus objetivos a pesquisa acção deve se concretizar em alguma forma da acção planeada objecto de análise deliberação e avaliação. A constituição de um plano constitui uma exigência fundamental, Em geral, trata-se de uma acção na qual os principais participantes são os membros da situação ou da organização sob observação. A discussão informal com pequenos grupos é sempre um passo necessário, a principalmente nestas fases iniciais da pesquisa, mão não chega a caracterizar o conteúdo da proposta metodológica no seu conjunto.

A elaboração do plano de acção consiste em definir com precisão:

a)      Quem são os autores  ou as unidades de intervenção?

b)      Como se relacionam os autores e as instituições: convergência, atritos, conflito aberto?

c) Quem toma as decisões?

    d) Quais são os objetivos (ou metas) tangíveis da ação e os critérios de sua avaliação?

e)       Como dar continuidade à ação, apesar das dificuldades.

f)        Como. assegurar a participação da população e incorporar suas sugestões?

g)       Como controlar o conjunto do processo e avaliar os resultados?

Alguns autores têm mantido uma relativa confusão acerca do papel dos participantes ao darem a impressão de que o principal ator seria o próprio pesquisador. De acordo com a nossa compreensão do assunto, o principal ator é quem faz ou quem está efetivamente interessado na ação. O pesquisador desempenha um papel auxiliar, ou de tipo "assessoramento", embora haja situações nas quais os pesquisadores precisam assumir maior envolvimento e responsabilidade, em particular nas situações cercadas de obstáculos políticos ou outros.

Não há neutralidade por parte dos pesquisadores e dos atores da situação. A convicção a que podem chegar acerca da necessidade ou da justeza de uma ação amadurece durante a deliberação no seio do seminário e dos outros grupos participantes da pesquisa. Na medida do possível, os resultados das deliberações são obtidos por consenso. Quando os pontos de  vista são inconciliáveis, as diversas alternativas são respeitadas e registradas para futura continuação da discussão e, eventualmente, será organizada uma implementação comparativa. A acção corresponde ao que precisa ser feito (ou transformado) para realizar a solução de· um determinado problema. Dependendo do campo de atuação e da problemática adpotada, existem vários tipos de acção, cuja tônica pode ser educativa, comunicativa, técnica, política, cultural, etc. No caso particular da ação técnica - como no da introdução de uma nova técnica no campo ou do resgate de uma antiga técnica  é necessário levar em conta o aspecto sócio-cultural do seu contexto de uso.

 

 

3-         Proposta prática do plano e observação de como funciona.

A delimitação do campo de observação empírica, no qual se aplica o tema da pesquisa, é objeto de discussão entre os interessa dos e os pesquisadores. Uma pesquisa-ação pode abranger uma comunidade geograficamente concentrada ou espalhada (camponeses). Em alguns casos, a delimitação empírica é relacionada com um quadro de atuação, como no caso de uma instituição, universidade.

A observação é encarada como um conjunto de utensílios de recolha de dados e um processo de tomadas de decisão (Evertson e Green, 1996). Estas investigadoras identificam quatro tipos principais de registo e de gravação dos dados na fase da observação. São eles: os sistemas categoriais, descritivos, narrativos e tecnológicos.Os sistemas categoriais são considerados fechados uma vez que as unidades de observação são sempre pré-definidas. Reflectem as atitudes filosóficas, teóricas, empiricamente deduzidas ou formadas a partir da experiência pessoal do investigador (Evertson e Green, 1986, p.169).Num sistema fechado, o observador está limitado unicamente ao registo dos itens que surgem na lista das variáveis previamente definidos, enquanto que num sistema aberto ele apreende aspectos mais alargados do contexto.Os sistemas descritivos “tendem a basear-se numa análise retrospectiva de acontecimentos já registados. (…) Além disso, os sistemas descritivos encontram-se intimamente ligados aos registos de tipo tecnológico” (Evertson e Green, 1986, p.177).Os sistemas narrativos, baseiam-se na elaboração de um registo escrito dos dados numa linguagem corrente do quotidiano. Este registo pode fazer-se no momento da observação de um acontecimento ou de um desenrolar de um conjunto de acontecimentos que decorreram num período de tempo. Os sistemas tecnológicos de registo de dados são os mais abertos e normalmente surgem em complementaridade com os outros tipos de sistemas. Este sistema pode ser utilizado in situ, ao mesmo tempo dos outros sistemas, ou pode ser um registo ao qual os outros sistemas se venham a aplicar (Evertson e Green, 1986, p.180). A principal vantagem de um sistema tecnológico é a de garantir a conservação intacta da informação.


Segundo o grau de participação do pesquisador, a observação pode ser:
Participante
Não Participante


Na observação participante, é o próprio investigador o instrumento principal de observação. Ele integra o meio a investigar, “veste” o papel de actor social podendo assim ter acesso às perspectivas de outros seres humanos ao viver os mesmos problemas e as mesmas situações que eles. Assim, a participação tem por objectivo recolher dados (sobre acções, opiniões ou perspectivas) aos quais um observador exterior não teria acesso. A observação participante é uma técnica de investigação qualitativa adequada ao investigador que pretende compreender, num meio social, um fenómeno que lhe é exterior e que lhe vai permitir integrar-se nas actividades/vivências das pessoas que nele vivem.
A este propósito Bogdan & Biklen (1994) referem que “Os investigadores qualitativos tentam interagir com os seus sujeitos de forma natural, não intrusiva e não ameaçadora. (...) Como os investigadores qualitativos estão interessados no modo como as pessoas normalmente se comportam e pensam nos seus ambientes naturais, tentam agir de modo a que as actividades que ocorrem na sua presença não difiram significativamente daquilo que se passa na sua ausência” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 68).

Na observação não-participante, o investigador não interage de forma alguma com o objecto do estudo no momento em que realiza a observação, logo não poderá ser considerado participante. Este tipo de técnica, reduz substancialmente a interferência do observador no observado e permite o uso de instrumentos de registo sem influenciar o objecto do estudo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4-         Reflexão, interpretação e integração dos resultados.

Em investigação, depois da fase de recolha de dados passamos à fase da análise e tratamento desses mesmos dados, de forma a que os resultados obtidos possam contribuir para os objectivos da investigação para depois partir a acção.

A análise quantitativa das informações obtidas depende da natureza dos dados colectados e faz-se com base numa escala de medida, que poderá ser nominal (relativas a variáveis que pressupõem atributos que só podem ser expressos em termos qualitativos), ordinal (construídas com base em atributos ou propriedades de natureza qualitativa, atributos esses que permitem estabelecer uma gradação de intensidade, uma ordenação), intervalar (pressupõem variáveis quantitativas e são expressas segundo uma escala de intervalos, sem ponto de referência (não têm um zero absoluto) ou de razão/proporcional (Pressupõem variáveis quantitativas e a escala pressupõe a existência de um zero absoluto que indica a ausência completa da propriedade a medir).

Na análise quantitativa de dados, o tipo de dados condiciona os testes estatísticos a adoptar e as amostras muito reduzidas tornam alguns testes inadequados ou impossíveis de aplicar. As escalas e operações matemáticas permitidas no interior da escala e adequadas a variáveis quantitativas são as escalas intervalar e de razão/proporcional.

Análise quantitativa dos dados

Pode recorrer-se à estatística descritiva (organização dos dados) e à estatística inferencial.

Estatística descritiva

Descrição e organização dos dados:

• Descrições gráficas – histogramas, polígono de frequência, curva de distribuição de dados.

• Descrições numéricas – tabelas de frequências, medidas de tendência central (média, mediana, moda), medidas de dispersão (desvio padrão, variância), enviesamentos na distribuição, medidas de relação entre as variáveis.

Em nosso entender, podemos afirmar que nesta fase faz-se a reflexão se os objetivos que deviam ser alcançados foram ou não atingidos podendo dai iniciar-se uma nova fase de replanificação do segundo ciclo.

 

 

 

 

1.3 Esquema das Fases de Investigação-acção

Fase de Planificação

1-Definir o problema

2-Definir projecto                                                                                         

Possível

Tereceiro ciclo

3-Medir

 

Fase de acção

4-Implementar

e obseravar

 

Fase de Reflexão

 

 5-Avaliar

6-Para ver se o problema

está resolvido.Se não, ir

para o segundo ciclo.                                                               

Segundo ciclo

Planificação

Acção

Reflexão


Postar um comentário

0 Comentários