Dia D
O Dia D, também chamado de Operação Overlord, aconteceu no dia 6 de junho de 1944. Ele marcou o início dos desembarques das tropas Aliadas na Normandia, no norte da França. Essa operação foi considerada de extrema importância pelos historiadores, pois iniciou a libertação da França das tropas nazistas e criou um fronte de guerra no ocidente, o que contribuiu para aumentar o desgaste do exército alemão na Segunda Guerra Mundial.
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Contexto do Dia D na guerra
Em 1944, a Alemanha passava por um momento delicado na guerra. A força do exército alemão havia sido contida pelos soviéticos a partir de 1942. Os desgastes que o fronte na União Soviética geraram foram muito altos e a Alemanha carecia de recursos para manter a guerra no nível que era necessário.
Os momentos decisivos no conflito aconteceram em Stalingrado, onde a gigantesca força alemã foi derrotada (a um custo altíssimo) pelos exércitos soviéticos. Posteriormente em Kursk, os alemães tiveram a chance de retomar o controle das ações na guerra. No entanto, as derrotas sofridas no Mediterrâneo e a chegada dos Aliados na Itália forçaram Hitler a recuar suas forças da União Soviética e, assim, a grande chance alemã em Kursk foi perdida.
O exército alemão estava, portanto, em situação dificílima, pois viu o exército soviético avançando cada vez mais no leste da Europa e, desde 1943, percebeu o avanço (lento) dos Aliados pela Itália, o que aumentava consideravelmente a pressão sobre a Alemanha. O desenvolvimento de um fronte ocidental, portanto, seria desastroso para o exército nazista.
Estratégias para o Dia D
Stalin, líder da União Soviética, havia tempos cobrava uma ação direta de seus Aliados (EUA, Reino Unido) para que lutassem de maneira mais efetiva contra as forças alemãs na Europa durante a guerra. Levando isso em consideração, a retomada da Normandia, região ao norte da França, era considerada essencial.
Os objetivos dos Aliados, ao planejar a invasão da Normandia, foram: a possibilidade de libertar a França do controle nazista, ao qual estava submetida desde 1940, e, principalmente, criar um fronte de batalha (a oeste) e aumentar a pressão sobre a Alemanha, atacada ao leste pela União Soviética e ao sul (na Itália) por americanos e britânicos.
Apesar da importância estratégica, a Operação Overlord foi vista com desconfiança por muitos elementos dos Aliados, sobretudo britânicos. Havia aqueles que questionavam se valeria a pena sacrificar tantas vidas por uma operação que poderia fracassar. O temor de muitos era em razão das ofensivas desastradas no Mar Mediterrâneo e na costa italiana, onde a falta de apoio aéreo quase levou o desembarque Aliado ao fracasso.
Além disso, de acordo com o historiador Max Hastings, havia evidências de que muitos dos soldados convocados para a operação do Dia D estivessem à beira de um motim. Hastings explica que isso aconteceu porque a maioria desses soldados havia lutado durante meses no fronte do Mar Mediterrâneo e estavam insatisfeitos com uma segunda convocação, enquanto milhares de soldados britânicos e americanos não haviam sido lançados à guerra ainda|1|.
Apesar dessas desconfianças e insatisfações internas, a operação aconteceu, mais por pressão americana que via a necessidade de exercer nova ofensiva sobre o exército alemão na guerra. Hastings também afirma que essa operação ocorreu no momento certo, pois os exércitos Aliados estavam no auge da sua força enquanto os alemães demonstravam claros sinais de decadência|2|.
Adolf Hitler e a Alemanha nazista sabiam que um ataque Aliado contra a Normandia aconteceria em breve. No entanto, a inteligência alemã não conseguia responder quando e onde exatamente isso seria feito. O líder nazista entendia que era essencial a contenção do ataque na França, pois, assim, garantiria reforços vitais no fronte oriental, o que traria dificuldades para as forças militares da União Soviética.
As esperanças de Hitler estavam depositadas na famosa Muralha do Atlântico, linha defensiva criada pelos alemães nos territórios ocupados na costa do Atlântico. Os oficiais alemães, no entanto, desconfiavam seriamente da capacidade das defesas da Alemanha em conter um ataque Aliado.
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Dia D
As operações do Dia D contaram com 5.300 navios, que realizaram o transporte de cerca de 150 mil homens e de 1.500 tanques. A Operação Overlord contou ainda com o apoio de 12 mil aeronaves que foram vitais para o sucesso da operação|3|. Além disso, durante essa operação, uma série de paraquedistas saltaram em diferentes pontos da Normandia.
Os desembarques de soldados Aliados na Normandia iniciaram-se na noite do dia 5, quando paraquedistas saltaram na região da Península de Cotentin. O historiador Antony Beevor diz que essa operação com os paraquedistas foi bastante desorganizada, com a maioria dos soldados pousando nos locais errados|4|.
No dia 6, começaram os desembarques dos milhares de soldados Aliados. Os alvos eram cinco praias francesas, que foram renomeadas como Omaha, Utah, Juno, Gold e Sword. Os combates variavam em cada cenário e, em determinados locais, foram ferozes, mas, em outros, a vitória Aliada aconteceu de maneira relativamente fácil (como foi o caso da praia de Utah).
Ao final daquele dia, as forças Aliadas haviam desembarcado em todas as praias, onde conseguiram criar um perímetro de até 5 quilômetros. A conquista das praias permitiu que os Aliados conseguissem posicionar mais 300 mil soldados na Normandia até o final do dia 7 de junho.
A vitória dos Aliados no Dia D resultou em apenas três mil mortos, um número bastante reduzido se analisada a importância estratégica que essa operação possuía|5|. A derrota alemã aconteceu, em grande parte, pela falta de apoio aéreo na Normandia. Após essa derrota, restou aos alemães fortalecer suas posições defensivas na França e oferecer uma resistência implacável (o que de fato aconteceu).
As semanas seguintes a essa operação foram difíceis para as tropas Aliadas, pois a reação alemã tornou o avanço sobre a França lento e sofrido, principalmente para os civis. Após o Dia D, as tropas Aliadas foram lideradas por Einsenhower rumo ao destino final da guerra: Berlim.
Notas
|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 551.
|2| Idem, p. 553.
|3| Idem, p. 553.
|4| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 641.
|5| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 556.
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